Qual é o impacto do COVID-19 na segurança do trabalho? Veja os principais desafios!

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Covid-19 na segurança do trabalho

A pandemia do Coronavírus mudou a vida de todos nós. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), antes do início da quarentena, eram cerca de 260 milhões de pessoas trabalhando em estilo home office (sem contar cuidadores e auxiliares do lar).

Hoje, esse número dobrou. Na Europa e América do Norte, é um em cada três trabalhadores atuando de forma remota e, na África Subsaariana, um a cada seis. Com o início da vacinação, algumas empresas anunciaram o retorno aos escritórios. No entanto, outras companhias alegam manter o regime home office. 

Os motivos são muitos: além de minimizar o risco de contágio de quaisquer doenças, a empresa economiza com aluguel de escritório e equipamentos, deslocamento de funcionários e muito mais. 

As profissões que não podem ser realizadas remotamente, também tiveram diversas modificações. Como o uso de máscaras, protetores faciais, luvas, entre outros. Tem ainda os profissionais da linha de frente e muito mais. E é o que vamos ver no artigo de hoje! 

Veja os principais impactos nos trabalhadores de diversas áreas com a pandemia!

Home Office e a Saúde mental

Em uma época em que muitas empresas adotaram o home office, muitos colaboradores ficaram felizes, mas outros alegam preferir o escritório. O motivo é simples: o estresse mental que a rotina caseira tem causado em muitos trabalhadores.

Segundo uma pesquisa recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 41% das pessoas que adotaram o regime Home Office se sentiam altamente estressadas com a rotina. Enquanto as que trabalhavam presencialmente, somavam apenas 25%. 

Joaquim Nunes, profissional responsável pela área de Segurança do Trabalho da OIT, argumenta: “A forma mais eficaz de eliminar o risco de contágio em contexto de trabalho é, para quem pode fazê-lo, o teletrabalho. Mas ainda temos de estar atentos aos bem-estar físico e mental dos trabalhadores”.

Depois de tantas empresas alegarem que irão continuar com o regime home office, fica evidente a necessidade da criação de novas políticas para o trabalhador. Afinal de contas, será necessário diminuir os níveis de estresse e aumentar a produtividade. 

Veja mais um trecho da entrevista dada pelo especialista: 

“Há uma boa chance de que o aumento do teletrabalho durante a pandemia da COVID-19 mude permanentemente a forma como vivemos e trabalhamos. Muitos governos perceberam isso e estão olhando com outros olhos os direitos dos funcionários que trabalham em casa. Por exemplo, as empresas devem garantir que os trabalhadores não se sintam isolados e ao mesmo tempo dando a eles o direito de se desconectarem, em vez de ficarem online 24 horas por dia”.

No Chile já existe uma lei para defender o trabalhador nesta questão. Segundo legislação aprovada em março de 2020, trabalhadores remotos terão direito de se desconectar do trabalho pelo período de, no mínimo, 12 horas contínuas dentro de 24h. Dessa forma, os empregadores não poderão exigir respostas aos comunicados nem mesmo em feriados e dias de descanso.

E a Ergonomia do trabalhador, onde fica?

Além do estresse mental dos trabalhadores remotos, outra questão importante é a segurança física. É possível dizer que a maioria dos acidentes acontece nas residências e, se este é o lugar onde os trabalhadores estão atuando, os empregadores também deveriam fazer com que este ambiente seja seguro? 

Essa é uma questão fundamental para a Segurança do Trabalho, já que fornecer ambientes seguros sempre foi uma obrigação do empregador. Quanto a esta questão, Nunes comentou: “Por enquanto, não há respostas fáceis quando se trata de garantir um ambiente de home office adequado”.

Além disso, conclui: “No entanto, podemos dizer que os mesmos princípios que se aplicam a outros locais de trabalho, se aplicam aos teletrabalhadores, sendo que os empregadores têm o dever geral de cuidar, conforme razoavelmente praticável. Os empregadores não podem controlar o local de trabalho quando os funcionários trabalham de casa, mas podem fornecer equipamentos ergonômicos aos trabalhadores, como cadeiras adequadas, e ajudá-los a avaliar os próprios riscos e aprender como manter estilos de vida saudáveis”.

Outra questão que está mexendo com a área da SST quanto ao home office é como se darão as fiscalizações, já que os auditores não possuem fácil acesso a ambientes privados. Uma solução para este problema seria a inspeção virtual – prática que já está sendo aplicada em diversos países da Europa.

Quanto a este assunto, Joaquim Nunes comenta: “Isso envolve os fiscais do trabalho que fazem videochamadas com o trabalhador em casa e mostram a cadeira de trabalho, a mesa e a configuração da iluminação. Essas inspeções podem servir como uma forma de monitorar o local de trabalho doméstico e fornecer conselhos, mas também levantam questões compreensíveis de privacidade”. 

Profissionais In Loco e da Linha de Frente

Enquanto muitos trabalhadores puderam optar pelo regime home office durante a pandemia, outros não tiveram essa opção. Além dos profissionais da linha de frente, diversas outras áreas tiveram que continuar se dirigindo até o espaço físico.

Com isso, relataram a necessidade de andar em trens e ônibus lotados, interagir com outras pessoas, se alimentar em estabelecimentos, colocando sua vida em exposição ao vírus. Nos Estados Unidos, colaboradores da Whole Foods, um supermercado da Amazon, desenvolveram uma ação coletiva para reivindicar seus direitos.

Após diversos colegas de trabalho testarem positivo para a COVID-19, em março do ano passado, um grupo de trabalhadores decidiu pedir licença médica, testes para o coronavírus gratuitos além de pagamento adicional por periculosidade. 

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No mês seguinte, em abril, o mesmo grupo de trabalhadores decidiu por fazer paralisações em algumas das maiores empresas do país, como o supermercado Walmart; a Target; FedEx; Entre outros. 

Dessa forma, ficou evidente que apenas o costume de lavar as mãos, usar álcool em gel ou luvas, manter o distanciamento físico e o uso de máscaras não era suficiente. “No local de trabalho, é preciso pensar mais do que apenas o trabalhador individual: é preciso proteger todo o ambiente”, explicou Joaquim Nunes. 

E continuou:

“Um exemplo que muitos de nós nos deparamos são lojas e supermercados, onde agora é comum ver separadores de PVC entre caixas e clientes. As superfícies de trabalho também estão sendo limpas com muito mais frequência, mas isso levanta outras questões que precisam ser abordadas, como o potencial de problemas de pele ou respiratórios causados ​​por produtos químicos em produtos de limpeza”.

Demais áreas

Enquanto as áreas da saúde e serviços essenciais ainda encontram essas dificuldades até hoje, já é momento de outras empresas começarem a se preparar para o retorno aos espaços físicos. Em alguns países, algumas leis já estão prevendo o retorno de locais para encontro de grande número de pessoas, como cinemas, etc. 

Porém, para que isso aconteça de fato, é necessário haver segurança e proteção para todos os trabalhadores. É preciso fornecer apoio para que os empregadores consigam proporcionar ambientes seguros aos colaboradores sem faltar com a produtividade. 

Até porque, é um dever do empregador se certificar de que os seus funcionários não estarão correndo riscos desnecessários. Principalmente aqueles que possuem relação com a Covid-19.

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